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Este estudo teve como propósito descrever e analisar se a propensão à Síndrome de Burnout pode afetar o comprometimento organizacional de bombeiros do Primeiro Batalhão de Minas Gerais, localizado na cidade de Belo Horizonte, tendo em vista as
operações que executaram de busca e salvamento no rompimento da barragem Córrego do Feijão, na cidade de Brumadinho. A pesquisa caracteriza-se como descritiva, com abordagem qualitativa e o método utilizado foi o estudo de caso. Na coleta de dados, o instrumento empregado foi a entrevista estruturada (de onde surgiram as categorias de análise), a qual teve o roteiro inspirado na teoria da psicodinâmica do trabalho, na perspectiva dejouriana; na Síndrome de Burnout, pela psicóloga social Christina Maslach e colaboradores e também no comprometimento organizacional, na perspectiva de Meyer e Allen. A pesquisa envolveu 15 Bombeiros que atuaram no evento em Brumadinho e a partir de seus depoimentos, múltiplas subcategorias emergiram. Os resultados apontaram que os bombeiros (trabalharam em equipe) consideraram o ritmo de trabalho muito intenso e desgastante e ressaltaram que sempre estavam em alerta. As decisões vinham do posto de comando, já no local propriamente dito do evento, “zona quente”. As condições de trabalho foram consideradas adequadas quanto aos equipamentos e materiais utilizados, que foram fornecidos pela empresa Vale, em excelente quantidade e
qualidade. Além disso, os bombeiros contaram que no princípio das buscas a
locomoção foi dificultada por causa da lama e só veio a ser facilitada quando o rejeito
se tornou mais seco, possibilitando a utilização de máquinas no ambiente do evento.
Destarte, percebeu-se que os bombeiros utilizam estratégias de regulação individuais
e coletivos para enfrentar o desgaste no trabalho, sendo os mais apontados na pesquisa a atividade física, o fortalecimento espiritual e o diálogo com pares. Quanto à Síndrome de Burnout em relação aos bombeiros entrevistados, na primeira dimensão, a saber a exaustão emocional, observou-se grande comprometimento físico, mental e emocional desses profissionais. Já na segunda dimensão, a despersonalização, tentaram não absorver e dedicaram-se em encontrar os desaparecidos, com o intuito de trazer algum conforto aos familiares e amigos das vítimas. Por outro lado, alguns bombeiros sentiram-se frustrados por não localizarem nenhum corpo. Na terceira dimensão, baixa realização pessoal, ficou compreendido que os entrevistados (parte operacional) se sentiram, em sua maioria, reconhecidos pela família, amigos e população, mas pouco reconhecidos pela corporação. Quanto ao Comportamento Organizacional dos bombeiros, na primeira abordagem, - afetiva - sentem gratidão, prazer em trabalhar na corporação e sentimento de pertencimento a ela. Na segunda abordagem, - instrumental - relatam que haveria desestruturação se abandonassem a corporação, portanto, demonstram necessidade de permanecer nela. Na terceira abordagem, - normativa - ressaltam a realização profissional, permanecendo na instituição porque querem e não por obrigação. Associando burnout e comprometimento, observou-se uma relação positiva entre os dois construtos na medida que mesmo pressionados se envolvem com o trabalho e apresentam resultados, mas denota-se também uma relação negativa, ou seja, a pressão no trabalho tende a diminuir o comprometimento devido a questões burocráticas,
precariedade dos equipamentos e da parcialização dos salários. |
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