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Objetivo: Analisar como as questões de gênero e o racismo estrutural estão presentes no
discurso das histórias de vida contadas por mulheres negras que alcançaram cargos de gestão
na Superintendência Regional de Ensino (SRE) dentro da Secretaria de Educação de Minas
Gerais.
Teorias: O referencial teórico é composto pelas discussões sobre racismo estrutural, que aborda
o racismo como um reflexo histórico; desigualdade racial no mercado de trabalho e no acesso à
educação; gestão pública e gestão escolar; e a intersecção entre feminismo e raça.
Método: Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo exploratória, tendo como método a
história de vida e a entrevista como técnica para coleta de dados. Foram entrevistadas três
mulheres negras gestoras, cujos relatos foram analisados por meio da Análise Crítica do
Discurso (ACD).
Resultados: A pesquisa revela que as questões de gênero e racismo estão presentes nas histórias
de vida de mulheres negras em cargos de gestão, desde a infância até a vida adulta. Esses
desafios se manifestam na forma de discriminação racial e de gênero, que moldaram tanto suas
trajetórias educacionais quanto profissionais. A resiliência dessas mulheres é fortalecida por
contextos sociais e econômicos adversos e pela figura materna como referência de apoio. No
mercado de trabalho, continuam a enfrentar preconceitos estruturais, como a subestimação de
suas capacidades. A análise dos discursos evidencia tanto a reprodução de estereótipos quanto
a resistência ao racismo estrutural e à dominação masculina.
Contribuições Teórico-Metodológicas: A pesquisa emprega uma abordagem interseccional
para analisar as vivências dessas gestoras, incorporando questões de raça e gênero. Além disso,
utiliza a análise crítica do discurso para compreender como as entrevistadas ressignificam suas
experiências e enfrentam as opressões por meio da linguagem. O uso da interseccionalidade
como ferramenta analítica permitiu identificar múltiplas camadas de opressão e resistência nas
trajetórias das mulheres entrevistadas.
Contribuições Organizacionais: A pesquisa propõe a necessidade de políticas de inclusão que
considerem as intersecções de gênero e raça nas Secretarias Regionais de Educação e outros
ambientes de trabalho. A presença de preconceitos estruturais e a reprodução de normas
eurocêntricas no setor educacional, tradicionalmente visto como feminino, exigem um esforço
contínuo para desconstruir essas barreiras. Além disso, o estudo sugere que redes de apoio,
formais e informais, desempenhem um papel crucial no sucesso dessas mulheres no mercado
de trabalho.
Contribuições Sociais: Esta pesquisa contribui para a visibilidade de histórias de vidas de
mulheres negras e desafios enfrentados pelas questões de gênero e raça. A inclusão dessas
narrativas na academia e no debate público é importante para a formulação de políticas sociais
e educacionais que promovam a equidade e o combate ao racismo estrutural. |
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