Vulnerabilidade à síndrome de Burnout: um estudo com enfermeiros que atuam em unidade de centro cirúrgico de um hospital público universitário da cidade de Belo Horizonte - MG

Abstract

Este estudo, que se baseia na síndrome de Burnout, apoia-se, em parte, na Psicodinâmica do Trabalho. Foi possível concluir que a organização das atividades laborais pode conduzir ao esgotamento profissional. Para que isso possa ser minimizado, o indivíduo, usualmente, recorre a mecanismos para se proteger da exaustão ocupacional. Seu objetivo é descrever e analisar a vulnerabilidade à síndrome de Burnout por parte dos enfermeiros que atuam no atendimento a cirurgias de urgências e emergências na unidade de um centro cirúrgico (CC) de um hospital público universitário localizado na cidade de Belo Horizonte - MG. A psicodinâmica do trabalho e a teoria de Christina Maslach e colaboradores constituíram o marco teórico que serviu de embasamento para a realização desta pesquisa, do tipo descritiva, de abordagem qualitativa e apoiada em um estudo de caso como método. Os sujeitos da pesquisa foram doze enfermeiros que atuam na unidade do CC de um hospital público universitário, em turnos diferenciados. O roteiro, previamente elaborado, orientou a coleta de dados, realizada por meio de entrevista estruturada. A análise dos dados contemplou a perspectiva teórica de Bardin (2011). As categorias de análise, eleitas a priori, foram: contexto do trabalho (organização do trabalho, condições de trabalho e relações sócio profissionais) e síndrome de Burnout (exaustão emocional, despersonalização e baixa realização profissional). As subcategorias que emergiram a partir da análise e repetição dos enunciados aflorados dos depoimentos dos entrevistados. Os resultados decorrentes da categoria contexto do trabalho foram: ritmo de trabalho intenso e estressante; o ambiente ocupacional tem boa área física e é seguro para a realização das atividades; existem equipamentos de alta tecnologia, mas falta reposição de peças e acessórios; os recursos humanos são reduzidos; materiais e insumos têm um fornecimento irregular; os meios de comunicação são falhos; o processo decisório ocorre de forma verticalizada; e nas relações sócio profissionais, constata-se um caráter profissional amistoso e respeitoso, a chefia é compreensiva e o planejamento das atividades é muito variado. e muitas cobranças por maior agilidade são atribuídas aos enfermeiros cujas responsabilidades ultrapassam aquelas inerentes a sua profissão. No que tange à categoria síndrome de Burnout, apurou-se que o trabalho do enfermeiro se caracteriza por muitas cobranças, responsabilidades e exigências para priorizar a produção, o que se configura extremamente exigente e dinâmico, resultando em forte desgaste físico e emocional, como descrito na dimensão exaustão emocional. Em relação à despersonalização, o sentimento descrito pelos entrevistados em relação aos pacientes é de empatia. No tocante à baixa realização profissional, sobressaiu a falta de valorização profissional, de regulamentação de piso salarial e de definição da carga horária. A satisfação pessoal manifesta-se pelo reconhecimento obtido na realização do trabalho e pela contribuição à recuperação do paciente. Para amenizar seu desgaste no trabalho, os enfermeiros recorrem a estratégia como: atividades físicas, intensificação do convívio social e familiar, reunião com os colegas e lazer. Considerando o processo de trabalho do enfermeiro no CC, envolvendo o atendimento de procedimentos de alta complexidade, as urgências e emergências e suas condições de trabalho, conclui-se que os enfermeiros estão sujeitos a riscos de vulnerabilidade à síndrome de síndrome de Burnout.