Segurança para quem? O estresse ocupacional em policiais civis da mesorregião de Campos das Vertentes, Minas Gerais

Abstract

Este estudo foi desenvolvido com o objetivo de analisar como são percebidas as manifestações de estresse no trabalho em policiais civis durante a pandemia da COVID-19, que atuam nas delegacias de polícia da mesorregião de Campos das Vertentes, Minas Gerais. Como modelo teórico basilar, este trabalho foi construído considerando o Modelo Teórico de Explicação de Estresse Ocupacional (MTEG) construído por Zille (2005), adaptado às especificidades da ocupação de policiais civis no contexto da pandemia do COVID-19. Em relação à metodologia, o estudo foi descritivo e elegeu a abordagem quantitativa por meio de estudo de caso, considerando uma amostra não probabilística de 103 (cento e três) profissionais. Por meio de questionário enviado eletronicamente aos pesquisados foram obtidos os dados, posteriormente analisados por meio da Análise Fatorial Exploratória. Dentre os principais resultados desse estudo, o MTEG foi reconfigurado, considerando quatro construtos para o presente estudo, a saber: impactos no trabalho, sintomas de estresse, pontos de tensão do indivíduo e suporte social. Cumpre esclarecer que, relativamente ao construto ‘mecanismo de regulação’, este estudo apresentou indícios de que tais mecanismos não estavam funcionando de acordo com a teoria da temática escolhida, em decorrência do isolamento imposto pela pandemia do COVID-19. Note-se que de tal construto, apenas as variáveis relativas ao ‘suporte social’ se fizeram valer. Tais achados emergem como uma das contribuições deste estudo, dado ao fato de que a ineficácia dos mecanismos de regulação enseja que modelos de estresse ocupacional sejam repensados à luz do contexto atual, que ao que parece, exauriu vários mecanismos de regulaçao de que o sujeito dispõe em função dos medos e tensões trazidas pela COVID-19 e das medidas tomadas pelo poder público para a contenção da pandemia, como o distanciamento social. Nesse sentido, cabe salientar a importância do processo de socialização, na tentativa de minimizar o stress dos trabalhadores, em especial aqueles que atuam na “linha de frente” no combate à COVID-19, como os policiais.