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O lucro ou o prejuízo evidenciados pelas empresas têm sido considerados pela
literatura e pelo mercado a base de avaliação de sua performance organizacional. O
resultado, quando gerenciado, interfere na qualidade das estimativas nele embasadas
e pode levar os usuários da informação contábil a análises incorretas e a decisões equivocadas. Estudos empíricos tratam o gerenciamento de resultados sob os mais diversos prismas. Em sua maioria, relacionam a prática de gerenciamento a algum
possível fator determinante, como, tamanho, nível de governança, concentração de
propriedade, nível de aderência às normas internacionais de contabilidade e nível de
endividamento. Este estudo se propõe a compreender os efeitos das turbulências
econômicas vivenciadas no momento da crise de 2015-2016 na evidenciação do
resultado, especificamente na prática de income smoothing. Este tipo de gerenciamento consiste em divulgar a evolução consistente do lucro, evitando sinalizações indesejáveis que a volatilidade poderia induzir ao mercado, como a propensão da empresa ao risco. A crise econômica é uma variável sistêmica, com base na qual a empresa não detém o poder de controle, o que pode provocar alterações expressivas no nível de vendas, no volume de produção, no preço dos insumos, na disponibilidade de mão de obra e, consequentemente, no resultado reportado. O objetivo deste estudo é identificar, descrever e analisar os efeitos da crise de 2015-2016 na prática de income smoothing em empresas brasileiras de capital aberto. Em termos teóricos, ancora-se na teoria da agência e na separação entre propriedade e controle, para contextualizar o ambiente de assimetria informacional profícuo à suavização de resultados. Em termos metodológicos, trata-se de um estudo descritivo e de abordagem quantitativa. Como proxies de suavização, utilizam-se três métricas: o coeficiente de Eckel (1981) e dois indicadores de suavização propostos por Leuz, Nanda e Wysocki (2003). Como referência à crise, adota-se o comportamento do Produto Interno Bruto. Utilizou-se de estatística descritiva e
inferencial, regressão logística para IS1 e dados em painel dinâmico, modelo GLS
para IS2 e IS3. Foram objeto de estudo 297 empresas brasileiras de capital aberto
com dados disponíveis na base de dados Economática® no período de 2012 a 2019.
Definiu-se como o momento pré-crise o intervalo de 2012 a 2014; como o período de
crise, os anos de 2015 e 2016; e como o período pós-crise os anos de 2017, 2018 e
2019. Como principais achados, cita-se que a crise aumentou a quantidade de
empresas que recorreram à suavização, assim como a intensidade da sua prática; e
provocou alterações no comportamento dos determinantes do nível de suavização e
de seus efeitos nas variáveis resposta, indicando o quanto as adversidades provocadas por turbulências econômicas podem afetar as atividades empresariais e a qualidade dos números contábeis reportados. |
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