Abstract:
Ao longo da história, cada vez mais as mulheres têm sido inseridas no mercado de trabalho e, por meio de suas conquistas, vêm abrindo novos espaços de atuação, inclusive aqueles que antes eram redutos masculinos. Iniciativas como esta são envolvidas por uma gama de lutas por conquistas de direitos, traduzindo um enfrentamento contra a cultura patriarcal vigente na sociedade. Dessa forma, torna-se importante estudar esses avanços femininos em áreas historicamente masculinizadas. Este estudo tem por objetivo analisar e descrever as relações de gênero na segurança privada, na percepção das vigilantes (guardiãs), em uma empresa do setor de segurança privada da cidade de Belo Horizonte /MG. Em relação à metodologia, desenvolveu-se uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa, por meio de um estudo de caso. O roteiro de entrevista foi do tipo semiestruturado contemplando 11 entrevistadas vigilantes femininas e o gestor, todos vinculados a empresa objeto do estudo. As categorias de análise foram definidas a priori, tendo como referência os objetivos específicos da pesquisa, ficando assim definidas: perfil profissional, desenvolvimento funcional, condições de trabalho, processos de trabalho e relações de gênero, e mecanismos de defesa. Os resultados apontaram como subcategorias: critérios para a contratação, processo seletivo, carreira funcional, qualificação profissional, ambiente físico, equipamentos, apoio institucional, processos de trabalho, relações de gênero, normas institucionais e mecanismos de enfrentamento. Os resultados, avaliados com base no critério da Análise de Conteúdo, indicaram que as vigilantes femininas ainda são minoria nos postos de trabalho e que, apesar de sua contratação visar a qualificação dos
serviços e de o curso de formação ser o mesmo para homens e mulheres, elas
ainda vivenciam desafios em função do gênero em suas atividades, tais como:
preconceitos e brincadeiras de uma visão estigmatizada de que a segurança é coisa
para homens; dificuldade de ascensão e de desenvolvimento de uma carreira na
segurança; postos de serviço diferenciados e menos valorizados; assédio sexual.
Adicionalmente também apresentaram que as vigilantes utilizam como mecanismos
de defesa, principalmente, as seguintes estratégias: levar na brincadeira; achar
normal as insinuações, para evitar conflitos e autovalorizarem suas habilidades.