Abstract:
No Brasil a terceirização, que surgiu no meio empresarial, está sendo amplamente
adotada pela administração pública como forma de reduzir custos e de aumentar a
eficiência da máquina pública. A terceirização enquanto prática de gestão é uma
forma de flexibilização da contratação de mão de obra com forte tendência à
precarização das condições de trabalho que expande por vários setores da
economia. Esta dissertação teve por objetivo descrever e analisar a percepção de
vivências de prazer e sofrimento no trabalho de terceirizados que atuam em uma
Instituição de Ensino Superior no Estado de Minas Gerais. Para tanto, foi realizada
uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados por
meio de 10 entrevistas estruturadas com trabalhadores terceirizados da referida
instituição e examinados por meio da análise de conteúdo. Os principais resultados
revelaram que, no que tange ao contexto do trabalho, a organização deste é
caracterizada por ritmo intenso de serviço, tempo adequado no desempenho das
atividades e fiscalização moderada. O ambiente físico e os equipamentos são
adequados, os trabalhadores se sentem seguros no trabalho e as relações
socioprofissionais poderiam ser aperfeiçoadas. Os custos físicos foram considerados
intensos, e não se observaram custos afetivos. Quanto ao sentido do trabalho, as
vivências de prazer se manifestaram pela satisfação e motivação no serviço, pelo
sentimento de orgulho, utilidade e reconhecimento. Já as vivências de sofrimento
são experimentadas pela insegurança, discriminação e injustiça no trabalho. As
estratégias utilizadas para lidar com o sofrimento são de caráter individual,
compreendidas pelo autocontrole, pela prática de exercícios físicos e pelo
relaxamento, bem como pelo voltar-se para a família. No que tange aos danos
causados pelo trabalho, os entrevistados desenvolveram lesões na coluna,
hipertensão e problema no manuseio de produtos químicos. Em se tratando de
danos psicossociais, esses trabalhadores não apresentaram conflitos nas relações
familiares e sociais, como também não possuem o desejo de abandonar o serviço