Abstract:
Empresas brasileiras listadas em Brasil, Bolsa, Balcão – B3 seguem normas e
recomendações de boas práticas corporativas, a fim de promover segurança aos
investidores e melhores resultados financeiros. As boas práticas de governança
corporativa são aplicadas e verificadas pelos conselhos das grandes empresas
brasileiras. Para a composição destes, um dos aspectos recomendados consiste na
diversidade de perfis de seus integrantes, no intuito de promover novas perspectivas
e modelos de gestão, para que as empresas operem com eficiência no mercado
financeiro. Nesse cenário, este estudo tem como objetivo descrever e analisar a
participação feminina nos Conselhos de Administração e Direção entre os anos 2011
e 2017 das empresas listadas na B3 que se enquadram no Nível 1 e Nível 2 de
governança corporativa, considerando os dados contidos nos Formulários de
Referência, que são disponibilizados na plataforma digital da Comissão de Valores
Mobiliários, pelas companhias listadas na bolsa de valores de São Paulo e a
percepção de conselheiras sobre esta participação. Este trabalho se caracteriza
como uma pesquisa descritiva, de abordagem quantitativa e qualitativa.
Primeiramente, realizou-se a análise quantitativa, mediante coleta de dados
secundários provenientes dos Formulários de Referência divulgados pelas
companhias na plataforma digital da Comissão de Valores Mobiliários – CVM, as
quais compõem o Nível 1 e o Nível 2 de governança corporativa da B3, no período
2011 a 2017. Em seguida, na análise qualitativa, desenvolveu-se um estudo de caso
com treze mulheres que preenchem, ou já preencheram cargos em conselhos de
empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira. Os dados foram coletados por
intermédio de entrevistas semiestruturadas realizadas via Skype, ou por
questionários abertos enviados por e-mail e analisados à luz da técnica de análise
de conteúdo proposta por Bardin (1979). Dentre os principais resultados desta
pesquisa, constatou-se que a participação feminina nos Conselhos de Administração
e nos Conselhos de Direção das empresas listadas na B3 pertencentes ao Nível 1 e
Nível 2 de governança corporativa entre os anos de 2011 a 2017 praticamente não
evoluiu, o que foi representado por um aumento de apenas 0,5% no respectivo
período. Dentre as empresas analisadas, foi observado que quase a totalidade não
apresentou mulheres em seus conselhos. Foi constatada a existência do fenômeno
Teto de Vidro, que consiste em uma barreira sutil e invisível dentro das
organizações, que impedem a ascensão feminina aos cargos mais elevados da
pirâmide organizacional, em virtude de fatores culturais relacionados ao preconceito,
machismo e patriarcalismo, ainda presentes na sociedade brasileira no século XXI.
Percebeu-se certa divergência de opinião entre as conselheiras entrevistadas
quanto à necessidade da criação de uma lei de cotas para mulheres nos conselhos
de grandes empresas no país. Identificou-se uma dicotomia quanto ao processo de
empoderamento feminino desenvolvido por Melo (2012) das conselheiras
entrevistadas, devido principalmente a baixa participação feminina em conselhos de
empresas brasileiras listadas na B3. Dessa forma, ressalta-se o “além do Teto de
Vidro” destas conselheiras, pois mesmo transpondo diversas barreiras no intuito
alcançarem cargos nos respectivos órgãos, ainda não são devidamente
reconhecidas no desenvolvimento de suas funções, e não possuem influência
política nas organizações onde atuam